FOLHA CULTURAL PATAXÓ

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Religiosidades


Não há terços em minha casa
As orações são espontâneas
E de corpo refestelado
No dormitório macio
A bíblia sagrada não está
Na cabeceira da cama
Está na sala, agora,
Sob o aparelho de som
A tocar uma música
De Adriana, a Calcanhoto
E canhota é minha religião
E de muita fé
Meus dias são religiosamente
Refinados
E voluptosamente percebidos
Mediante a uma boa caminhada
Para manter a forma
E depois pecar satisfatoriamente
No almoço regado
A salmão com alcaparras.

Nada na vida me é indiferente
E tudo é divinamente
Religioso
Até a dor que me fere o dedo mindinho
No corte a faca.

Jorge Medeiros ( 04- 01-11 - 00:44h)

Um comentário:

  1. Seu poema tem uma beleza toda sua, que vem de dentro e totalmente transparente, mas sempre se escondendo entre a transparência.

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