FOLHA CULTURAL PATAXÓ

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quarta-feira, 28 de março de 2012

Convite para o Cachasarau!

Cheguem mais, sarau em Acari, dia 31/03, às 19:00h.

Identidade





Se alguém perguntar
Quem eu sou
Diga que sou uma criatura quase humana
Algo entre religioso e monstruoso
Um simples moço.

Se alguém perguntar
Em que dia nasci
Diga que foi num dia
Em que Deus, muito estressado,
Com tanta coisa lhe enchendo o saco
Fez com que minha mãe
Botasse pra fora
Algo que não fosse nem pergunta e nem resposta
Uma complicada incógnita.

Se alguém perguntar
Qual é a minha cor
Diga que é a do mundo inteiro.
Pintada por festas, sofrimentos de amor,
Muitas revelações e alguns segredos.

Se alguém perguntar
Qual é a minha
Curto carne, frango e sardinha
Ou qualquer outra coisa que esteja na panela.
Curto também pessoas
Muito além do que elas têm entre as pernas.

Se alguém perguntar
Onde moro
Diga que por aí
Chegando de repente
Sem hora pra partir.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados.

domingo, 18 de março de 2012

Sem título

Por enquanto nem coragem, nem pão - Será que em vão esperaremos à colheita? Sentada na soleira, vou costurar silêncios e tentar remediar a fome. Nossos pequenos, estão plenos de dor, de pés queimados de tanto andar atrás de algum trocado. Para e por que retratar e cantar os meninos e meninas que sentem fome, Se no dia a dia você não está do lado e os escuta?

quinta-feira, 15 de março de 2012

MURMÚRIO DAS ÁGUAS

            Um grupo de jovens seguia pela estrada de chão com destino a um pequeno sítio onde passariam um retiro durante uma semana, a noite era iluminada apenas pelas estrelas e pelo tímido luar, o silêncio era quebrado pelos grilos e pelas histórias que eram contadas pelos jovens na conversa durante a caminhada. Em certo ponto do caminho no lado direito da estrada viram um ponto branco bem no fundo. A pequena casa branca ficava lá, no fundo, um pouco longe da estrada, tinha portas e janelas verdes, do mesmo verde das folhagens, parecia que alguém estava assistindo tv, pois havia uma claridade, que saia pelas frestas da janela, não havia cerca e para chagar até a casa, um pequena trilha, as roupas, todas de homem secavam no varal,a chaminé soltava fumaça, no fundo um catavento que quase não podia ser visto pelos jovens que cruzavam a estrada,  ficava escondido pela noite, bem mais no fundo, depois do catavento havia um pequeno riacho, onde podia-se pescar, passar o tempo, ouvir o murmúrio das águas, sempre limpas naquele pedaço, onde podia-se também sentir a natureza e a solidão dos dias e das noites.
- Quem vive num lugar desses deve ser muito feliz – disse um dos jovens para o outro ao seu lado
- Sim, deve ser muito bom viver num lugar assim, cheio de paz – respondeu o outro jovem

Arnoldo Pimentel

 
Esse conto faz parte da “Trilogia da Casinha Branca” caso o amigo(a) tenha um tempinho leia os outros dois nos links abaixo

domingo, 11 de março de 2012

O beijo e o bicho





Eu dei um beijo na cabeça do bicho
Perplexado com meu ato
passei a refletir num tom apressado
o que esse beijo me podia causar.

Uma virose louca
devido ao grande contato
de seu pêlo em minha boca?

Uma alergia infeliz
devido à proximidade
de seu aroma em meu nariz?

Uma doença estranha
devido ao toque
de meus dedos em suas entranhas?

Amedrontado com meu ato
deixo que o eixo do medo
supere a ternura do beijo.

Bicho que não pediu beijo
porque deixo que o meu preconceito
atravesse como uma espada de aço o meu peito?

Beijo: ato de amor.
Beijo: para aliviar a dor.
Bicho: criatura intrigante.
Bicho: ser interessante.

Beijo: sinal de carinho.
Beijo: derrubando os espinhos.
Bicho: animal consciente.
Bicho: quase igual a gente.

Não sabendo o que se passava na cabeça do bicho
passei a pensar que sabia o que se passava na minha.
Mas sabendo que o bicho tudo tinha a ver com isso
passei a responder com a razâo o que o coração não adivinha.

Oh Senhor, Deus do Universo.
Por tudo que há de mais imerso,
Não permita que eu jogue meus lábios no lixo.
Pois na minha cabeça
ainda beija
o beijo que eu dei
na cabeça do bicho.

Marcio Rufino

quarta-feira, 7 de março de 2012

“Aqueles que têm a oportunidade de dedicar sua vida ao estudo do mundo social não podem ficar neutros e indiferentes, distanciados das lutas das quais o resultado será o futuro desse mundo” Pierre Bourdieu


Há dois anos o site Uni-vos, vem contribuindo para promover debates, o diálogo e suscitar reflexões a partir de estudos e experiências de indivíduos e coletivos.

Neste tempo, demos alguns passos na luta contra a naturalização da exploração do homem pelo homem, na luta contra os interesses da burguesia, na luta em prol dos trabalhadores. Entendemos que a luta da classe trabalhadora é única e coletiva e deve caminhar na luta política coletiva por uma sociedade sem classe.

É através da propagação da informação e conhecimento, que reconstruiremos a nossa consciência crítica, enquanto classe trabalhadora, para assumir nosso papel de sujeito ativo do processo histórico.

“Na luta de classe todas as armas são boas pedras noites poemas” dizia o poeta. Pensando nisto, estamos lançando mão deste informativo impresso, que visa contribuir nesta construção de sociedade humana, justa e igualitária.

"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." Che Guevara

www.uni-vos.com

terça-feira, 6 de março de 2012

Uma edição do dia Internacional da Mulher

TRILOGIA DO LUAR (Arnoldo Pimentel)

LUAR
As pedras frias
Excitadas pelas ondas
Gozam ao luar


LUAR E AS GAIVOTAS
Ouço o luar
Olhar as gaivotas
Beijando o mar


LUAR E O VENTO
Um olhar livre
Implorou pelo perdão
Ao ver seu luar

domingo, 4 de março de 2012

Convite: Poesia de Esquina - 5ª vez

Sarau Poesia D' esquina

* Tico's Bar e Karaokê na Cidade de Deus,Rua Carmelo,1

15 de Março de 2012
19:30 até 23:00

Poesia em excesso + exibição do curta "Tempo de Criança" do diretor Wagner Novaes + Samba com Dona Tuca


COM CHEGAR:

Em caso de ônibus rumo à Madureira, Riocentro, Taquara ou Méier, descer no ponto Mocidade Unidade de Jacarepaguá e atravessar a rua. Em caso de ônibus rumo à Barra, Castelo ou Tijuca descer no ponto da Igreja Amarela e andar em direção contrária ao ônibus.

Em caso de carro particular, deve-se percorrer a Rua Edgard Werneck até à altura1600 em frente à EM Alphonsus Guimaraens e entrar na rua Carmelo. O bar localiza-se na esquina desta rua.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Negra Loura




Desceu em Belford Roxo
De um ônibus que vinha de Vilar dos Teles
Sua pele era de feijoada
Mas seu cabelo era puro trigo.
Sua pele era de noite
Mas o seu cabelo era o horizonte de tardinha.

Falsa britânica
Nórdica preta
Africana de cabelo pintado entre o castanho e o dourado
Zulu disfarçada de branca.

Entrou na padaria
Pediu um refrigerante
E cruzou suas grossas coxas
Debaixo de um curtíssimo jeans rasgado.

A rapaziada toda olhou e babou
Ela toda no pensamento
Imaginando estar no século retrasado
E possuir aquele território à revelia
Que parece ter saído de uma letra
de Benjor ou Melodia.

Bebeu tudo numa só golada
Pagando a conta
Saiu não só levando
O louro e duro cabelo entrançado
Acima do sorriso amarelo
Mas também o olhar de todos nós
Entre aquele busto
Que eram dois maduros jamelões gigantes
Embaixo daquele vermelho sutiã.

Sumiu entre pagodeiros e funkeiros
Entre credores e devedores
Entre viajantes e farofeiros
Entre pequenos empresários e vendedores.

Ela saiu do nada
E foi com tudo para qualquer lugar
Tomando seu sorvete demais
Deixando em sua língua
Que nos banhava em sonho
O sabor daquele morno verão.

Marcio Rufino