FOLHA CULTURAL PATAXÓ

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

SÓ NOVAMENTE ( Rosilene de Souza)


Rosilene de Souza é poetisa da cidade de Curitiba PR

Blog da Rosilene   www.sopadeletrinhasdalenynha.com

SÓ NOVAMENTE

É noite, eis-me aqui a sonhar contigo novamente.
Talvez príncipe, talvez homem somente.
Divagando em meus sonhos lentamente.
Transportando-me em um mundo novo alegremente!

Com um beijo calmo, ora quente.
Faz-me sentir no peito já latente.
As confusões dessas emoções tão eloquentes.
E a sentir-me presa nesse abraço envolvente!

E quando acordo desse sonho tão querido.
Sinto falta de tudo, até do que não foi sentido.
Tento voltar a esses sonhos rapidamente.

Nesse devaneio, forço o pensamento, mas não consigo.
Tento reviver tudo o que foi sentido.
E amanhece, eu continuo só novamente!!!


sábado, 23 de julho de 2011

O verbo e o silêncio...

Esse texto é uma parceria com Zé Eduardo


Não é isso mesmo, não me chame de meu anjo... Quando sei, bem o que você quer ...se quer me devorar, cuidado – poderá ter espinhos fincados em sua pele.
Meu corpo te lembra um paraíso? Ele é um labirinto, sem mapa, talvez sem um fim, para saciar seus desejos mais incontáveis – até para às paredes, mais fétidas das cidades.

Por que esse medo de me olhar nos olhos? Essa hesitação que só cessa quando você está pronto para entrar em mim é tão passageira quanto o orgasmo que alcança solitário em meu corpo.

Queria que minha pele te trouxesse lembranças mais bonitas do que mente tão bem os teus olhos. As mesmas inocentes mentiras que me bastaram na primeira noite e que hoje nem sequer esfriar o suor de minha pele.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O despertar de Adão




Outro dia ao acordar, imaginei-me no lugar de Adão. Mas não o Adão de Eva; não o Adão da árvore do fruto da ciência do bem e do mal; não o Adão da expulsão do Paraíso; não o Adão que gerou Caim e Abel. Mas o Adão de seu princípio. O Adão que sendo o começo de tudo, foi ele o próprio princípio do começo. E sendo ele seu próprio início, ainda sofria e se espantava com seu próprio desconhecimento de si e de tudo que lhe rodeava.

Falo do Adão que tinha acabado de despertar do primeiro sono gerador de sua vida, e sendo primeiro, também gerador da humanidade. Falo do Adão que acordou do sopro nas narinas e ao sentir-se barro fresco revestido em epiderme, se fragilizava e se confundia com aquilo que lhe era dado.

O impacto da dor do princípio das coisas e seu espanto é algo inigualável, pois ao acordar sentia a mim, meu colchão e meu lençol como terra pura. Eu era um Adão-Frankstein que desconhecia a mim e ao mundo e sendo me dado de presente, não sabia o que fazer com aquilo tudo. Que já nascia homem e sendo homem feito, recém-nascido, dado de presente de si para si, não sabia o que fazer com o primeiro dia, a primeira fome, o primeiro medo, a primeira sede, o primeiro desejo, a primeira raiva, a primeira manhã, a primeira manha, já que era eu o primeiro.

Não ser acostumado consigo mesmo e com o mundo causa um êxtase gozosamente insuportável. O susto das coisas em volta é algo fatalmente e irremediavelmente bom, pois a minha reação perante os livros, o guarda-roupa, o criado-mudo e os outros objetos do meu quarto deveria ter sido como a perplexidade de Adão perante as árvores, o rio, o mato, os bichos e o céu imersos na redundância física do momento que se exibia. Que é a reação do prazer em conhecer sem conhecer o prazer. O prazer inconsciente e desconhecido é um milhão de vezes melhor do que o prazer propriamente dito. Ainda mais quando se concebe e se pare a si próprio, sendo o seu próprio pai e sendo a sua própria mãe.

Cabia a mim, apenas, me agarrar ao primeiro andar e caminhar com bastante dificuldade até o banheiro, onde liguei a torneira e acolhi nas minhas mãos em conchas aquele outro ser sedutoramente desconhecido: a água. E o primeiro contato desta no meu rosto fazia tudo gradativamente se apagar. E do redemoinho que nascia do ralo, eu via escoar-se tudo: o sentido primeiro das coisas; a sensação primeira de tudo e o Adão que havia em mim.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

VIDA CAMPESINA ( José Caldeira )


VIDA CAMPESINA
Autor: José Caldeira
Blog  http://covadabeirainterior.blogspot.com


A vida de outros tempos, no mesmo lugar,
Era pacata, simples, monótona e rotineira.
Trabalho, campo, família, vizinhos, altar,
Serões animados, com cantoria à lareira.

Agora, dias sem Jornais, Internet, Televisão,
São horas infindas de bocejo, modorra e neurose,
Como se viver dependesse da tecnologia e da razão,
Esquecendo pessoas que falam, historiam, em osmose.

Hoje a vida não tem passado nem presente.
Vive-se em função do amanhã, do futuro,
Esquecendo-se que o ontem é já ausente.

O amanhã é uma incógnita permanente,
Desperdiçar os dias com o depois, inseguro,
Será, porventura, loucura e tontaria imprudente.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

LIBERDADE VIGIADA



Do outro lado do muro
Vinham as vozes agitadas
 Da quietude livre,
Liberdade vigiada
Pela mão estendida para o alto,
 Que só no olhar já feria
E fazia cativo
O dia que amanhecia