FOLHA CULTURAL PATAXÓ
quarta-feira, 28 de março de 2012
Identidade
Se alguém perguntar
Quem eu sou
Diga que sou uma criatura quase humana
Algo entre religioso e monstruoso
Um simples moço.
Se alguém perguntar
Em que dia nasci
Diga que foi num dia
Em que Deus, muito estressado,
Com tanta coisa lhe enchendo o saco
Fez com que minha mãe
Botasse pra fora
Algo que não fosse nem pergunta e nem resposta
Uma complicada incógnita.
Se alguém perguntar
Qual é a minha cor
Diga que é a do mundo inteiro.
Pintada por festas, sofrimentos de amor,
Muitas revelações e alguns segredos.
Se alguém perguntar
Qual é a minha
Curto carne, frango e sardinha
Ou qualquer outra coisa que esteja na panela.
Curto também pessoas
Muito além do que elas têm entre as pernas.
Se alguém perguntar
Onde moro
Diga que por aí
Chegando de repente
Sem hora pra partir.
Marcio Rufino
Todos os direitos reservados.
domingo, 18 de março de 2012
Sem título
quinta-feira, 15 de março de 2012
MURMÚRIO DAS ÁGUAS
domingo, 11 de março de 2012
O beijo e o bicho
Eu dei um beijo na cabeça do bicho
Perplexado com meu ato
passei a refletir num tom apressado
o que esse beijo me podia causar.
Uma virose louca
devido ao grande contato
de seu pêlo em minha boca?
Uma alergia infeliz
devido à proximidade
de seu aroma em meu nariz?
Uma doença estranha
devido ao toque
de meus dedos em suas entranhas?
Amedrontado com meu ato
deixo que o eixo do medo
supere a ternura do beijo.
Bicho que não pediu beijo
porque deixo que o meu preconceito
atravesse como uma espada de aço o meu peito?
Beijo: ato de amor.
Beijo: para aliviar a dor.
Bicho: criatura intrigante.
Bicho: ser interessante.
Beijo: sinal de carinho.
Beijo: derrubando os espinhos.
Bicho: animal consciente.
Bicho: quase igual a gente.
Não sabendo o que se passava na cabeça do bicho
passei a pensar que sabia o que se passava na minha.
Mas sabendo que o bicho tudo tinha a ver com isso
passei a responder com a razâo o que o coração não adivinha.
Oh Senhor, Deus do Universo.
Por tudo que há de mais imerso,
Não permita que eu jogue meus lábios no lixo.
Pois na minha cabeça
ainda beija
o beijo que eu dei
na cabeça do bicho.
Marcio Rufino
quarta-feira, 7 de março de 2012
Há dois anos o site Uni-vos, vem contribuindo para promover debates, o diálogo e suscitar reflexões a partir de estudos e experiências de indivíduos e coletivos.
Neste tempo, demos alguns passos na luta contra a naturalização da exploração do homem pelo homem, na luta contra os interesses da burguesia, na luta em prol dos trabalhadores. Entendemos que a luta da classe trabalhadora é única e coletiva e deve caminhar na luta política coletiva por uma sociedade sem classe.
É através da propagação da informação e conhecimento, que reconstruiremos a nossa consciência crítica, enquanto classe trabalhadora, para assumir nosso papel de sujeito ativo do processo histórico.
“Na luta de classe todas as armas são boas pedras noites poemas” dizia o poeta. Pensando nisto, estamos lançando mão deste informativo impresso, que visa contribuir nesta construção de sociedade humana, justa e igualitária.
"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." Che Guevara
terça-feira, 6 de março de 2012
TRILOGIA DO LUAR (Arnoldo Pimentel)
domingo, 4 de março de 2012
Convite: Poesia de Esquina - 5ª vez
* Tico's Bar e Karaokê na Cidade de Deus,Rua Carmelo,1
15 de Março de 2012
19:30 até 23:00
Poesia em excesso + exibição do curta "Tempo de Criança" do diretor Wagner Novaes + Samba com Dona Tuca
COM CHEGAR:
Em caso de ônibus rumo à Madureira, Riocentro, Taquara ou Méier, descer no ponto Mocidade Unidade de Jacarepaguá e atravessar a rua. Em caso de ônibus rumo à Barra, Castelo ou Tijuca descer no ponto da Igreja Amarela e andar em direção contrária ao ônibus.
Em caso de carro particular, deve-se percorrer a Rua Edgard Werneck até à altura1600 em frente à EM Alphonsus Guimaraens e entrar na rua Carmelo. O bar localiza-se na esquina desta rua.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Negra Loura
Desceu em Belford Roxo
De um ônibus que vinha de Vilar dos Teles
Sua pele era de feijoada
Mas seu cabelo era puro trigo.
Sua pele era de noite
Mas o seu cabelo era o horizonte de tardinha.
Falsa britânica
Nórdica preta
Africana de cabelo pintado entre o castanho e o dourado
Zulu disfarçada de branca.
Entrou na padaria
Pediu um refrigerante
E cruzou suas grossas coxas
Debaixo de um curtíssimo jeans rasgado.
A rapaziada toda olhou e babou
Ela toda no pensamento
Imaginando estar no século retrasado
E possuir aquele território à revelia
Que parece ter saído de uma letra
de Benjor ou Melodia.
Bebeu tudo numa só golada
Pagando a conta
Saiu não só levando
O louro e duro cabelo entrançado
Acima do sorriso amarelo
Mas também o olhar de todos nós
Entre aquele busto
Que eram dois maduros jamelões gigantes
Embaixo daquele vermelho sutiã.
Sumiu entre pagodeiros e funkeiros
Entre credores e devedores
Entre viajantes e farofeiros
Entre pequenos empresários e vendedores.
Ela saiu do nada
E foi com tudo para qualquer lugar
Tomando seu sorvete demais
Deixando em sua língua
Que nos banhava em sonho
O sabor daquele morno verão.
Marcio Rufino