CANÇÕES RECOLHIDAS
Meus olhos já foram vendados
Tenho canções escritas
Que foram recolhidas
E escondidas
Entre medos sob a chuva
Que molhou o telhado
Que dá para o quintal
Que tem que estar sempre desabitado
Simples vida que caminha
Pelos olhares da cidade
Versos que nascem
Do desejo de liberdade
Sonhos algemados
Pelo odor da intranqüilidade
Pela intolerância desmedida
Que castrou nossa mocidade
Parece um simples caminhar
Um simples sorriso
Um olhar para o lado
Mas sempre está no mesmo lugar
Parece que as pernas não se movem
O rosto não é tocado pela chuva
É apenas um mesmo lugar
Que o poder te obriga a ficar
Um grito no ouvido
O som do estampido
Que ecoa no vácuo
Do feto que ainda vai acordar
Virando o rosto pro lado
Para não olhar
O medo que vai explodir
No mesmo lugar
A sensação de estar na chuva nos traz a impressão de que a alma será lavada e pronta para um renascer ou o nascer do feto que acordará. Lindo espaço.
ResponderExcluirLinda poesia! A poesia é mesmo grandiosa, enfrenta os medos mais inquietantes! Grande beijo!
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