FOLHA CULTURAL PATAXÓ

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terça-feira, 26 de junho de 2012

A QUITADA



Espalhou os pingos da chuva que emboçavam a janela, olhou o céu que estava nublado, a chuva havia estiado e esperaria mais um pouco para ir a quitanda, enquanto isso pegou a caixa de fotos antigas que deixou sobre a mesa na noite anterior e ficou a olhar as fotos novamente, uma a uma, parecia que tudo estava acontecendo naquele momento, via tudo tão nítido, tão perto, tão real, o pé de chuchu, a amendoeira, o bambuzal lá no fundo do quintal, a cerca de arame, é mesmo, naquele tempo ainda não existia o muro de tijolos, ficou olhando as fotos por mais algum tempo até o tempo firmar, só então pegou a bolsa, a sacola e a sombrinha para garantir caso a chuva voltasse a cair. Chegou na quitanda que aquela hora estava um pouco movimentada, escolheu alguns legumes, não muito, para não pesar demais, escolheu chuchu, cenoura, jiló, beterraba, batata, cebola e algumas frutas, poucas também, eram só para ela mesma, então pegou maçã, pera, banana e um pedaço de melancia e foi em direção ao caixa, entrou na fila.

- Senhora sua fila é aquela – Disse um homem tocando seu ombro.
Ela olhou para ele que continuou.
- Prioridade senhora, a fila é menor.
Ela agradeceu e entrou na fila onde só havia outra senhora, mais ou menos da sua idade. Foi quando entrou uma jovem mãe e o filho, um menino de uns cinco anos que entrou correndo quase lhe tocando. Ela olhou o menino correr pela quitanda, com tanta energia, tanta vida pela frente e sentiu um aperto no peito, sentiu lembrança, sentiu saudades de correr daquele jeito, sentiu saudades, sentiu saudades.

Arnoldo Pimentel
Amigo (a) leitor (a), seja sempre bem vindo (a), este conto faz parte da Trilogia Contos da Solidão, se puder leia os outros contos da solidão, de minha autoria, links abaixo, desde já agradeço, muito obrigado mesmo.

 
A PARTIDA

GDÁNSK

5 comentários:

  1. Meu querido irmão, senti um ar de partida,tristeza atrelada a velhas lembranças e a nossa companheira solidão.
    Meu amado irmão, estou em falta contigo.
    Estou tentando voltar a exercer minha profissão de músico, confesso que está difícil. Depois que larguei as drogas, fui estudar, fiz duas faculdades e MBA, sinceramente, me transformei num cara muito materialista e não consigo me enxergar como aquele artista que convivemos tantos anos entre copos de birita, minha música, sua maravilhosa poesia e nossa companhia.
    Infelizmente não tenho nada de novo e bom para lhe contar, a não ser, a saudade que tenho de ti e a falta que sua amizade e seu amor me faz.
    Beijos meu irmão querido, eu te amo.
    "Adorei a Trilogia" acho que escreveu para nós.

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  2. Amigo, é emocionante, pois a gente vai envelhecendo e é justamente esta sensação de saudade das coisas vividas que permanece. São os anos passando, os filhos crescendo e a vida escorrendo através dos dedos.
    Um xeeero meu amigo.

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  3. Arnoldo,a solidão tb se percebe numa quitanda!Sensivel conto!Parabéns pela excelente entrevista no Poetas de Marte!bjs e bom domingo!

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  4. Por mais que se diga que cada época da vida tem seu encanto, não conseguimos nos furtar a essa saudade, pois o que jamais conseguiremos é voltar. Bjs.

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  5. Amigo (a) leitor (a)

    Visite meu blog Ventos na Primavera e conheça a poesia de Rosilne Jorge dos Ramos
    http://ventosnaprimavera.blogspot.com.br/2012/07/poesias-escondidas-no-quintal-dos-meus.html

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