FOLHA CULTURAL PATAXÓ

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terça-feira, 29 de março de 2011

VENTO COM NUVENS



VENTO COM NUVENS
Autor: Arnoldo Pimentel
Esse poema faz parte da Trilogia do Dia Nublado, e a cena da moto é inspirada na liberdade poética do meu amigo e parceiro Sérgio Salles-Oigers.


Parece até que vi a praia
Que ouvi gaivotas
A minha volta
Quase senti suas palavras
Tocarem meu rosto
Olhei pro céu
E não vi o sol
Subi em minha moto
E segui sem destino
Sem sentir o vento
Nos óculos escuros
Apenas segui por ai
Sem pensar em nada
Na tarde nublada

domingo, 27 de março de 2011

O que desceu dos olhos
agora, nesse instante
puro, não são lágrimas
de um pierro perdido
no fim de carnaval
o que choro agora
são toneladas imensas
de amor acumulado

Jorge Medeiros
(08-03-2011)

sábado, 26 de março de 2011

BICHO PAPÃO




Para ir à padaria comprar seu pão
É o mesmo que amanhã
Com uma arma na cintura
Passará em frente seu portão
E falará
“Entra tia que o bicho vai pegar”
E depois tombará
Sem ver a vida passar


sábado, 19 de março de 2011

EFEITO (Silviah Carvalho)



O sofrimento é a conseqüência de nossos atos
A alegria é o resultado de nossas conquistas
A paciência é fruto de nossa esperança
A nossa esperança é resultado
De nossa perseverança
O que recebemos é o resultado do que damos
A morte é o resultado da vida
A vida é uma passagem com a morte garantida
Nada mais

Autora: Silviah Carvalho 

sexta-feira, 18 de março de 2011

A morte de minha memória




Abre o pano. A rainha Hécuba está no palco arrasada diante das ruínas de Tróia, destruída pelos gregos. Isso me arrasa também, pois da platéia lembro-me de eu menino, com 5 anos de idade, quando minha mãe me levou no Tivoly Park. Quando estava no cavalinho um fotógrafo bonachão com barba e bigode fartos e brancos parecendo um Papai Noel gostou de mim e tirou uma foto minha. Qual o adulto que não se apaixona por um garotinho rechonchudinho, gordinho e carismático? Só que minha mãe não tinha dinheiro para pagar a foto. E infelizmente fui embora para casa sem aquela memória maravilhosa de um inesquecível momento de minha vida.

Volto a platéia do teatro e vejo Hécuba tomar uma porrada atrás da outra através das notícias do mensageiro. A filha Policena que terá de ser sacrificada no túmulo de Aquiles; a outra filha louca Cassandra que terá de ser sacrificada em honra ao deus Apolo, o netinho recém-nascido, filho de Heitor que será atirado do alto das muralhas de Tróia para não correr o risco de crescer e vingar os seus e a coitada não pode fazer nada. Eu também não pude fazer nada pelos textos infantis que escrevi ainda menino das minhas aventuras no Sítio do Picapau Amarelo onde eu aprontava mil e umas com a Emília, o Pedrinho, a Narizinho e o Visconde de Sabugosa. Eu escrevia tudo num caderno inspirado no programa que mais mexia com a minha cabeça. Mas o caderno se perdeu na poeira do tempo.

Volto novamente à platéia do teatro e vejo Hécuba se lamentar com Zeus de seu infeliz infortúnio e seguir cativa dos gregos. Fecha o pano. Fim do espetáculo.

Vou ao camarim cumprimentar a atriz e qual é o seu assombro quando digo a ela:

- Liga não, Hécubinha. Isso já aconteceu comigo também.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados

segunda-feira, 14 de março de 2011




Esta é a edição ampliada em comemoração aos 11 anos da Gambiarra Profana que conta com a participação de 23 Poetas que são Sergio-SalleS-oigerS, Rosilene Ramos, Jorge Medeiros, Ana Flávia, Márcio Rufino, Fabiano Soares da Silva, Ivone Landim, Matheus José Mineiro, Tati Costa, Lenne Butterfly, Agnaldo Estrela, Silviah Carvalho, Dani Oliveira, Luís Anjos, Camila Senna, Dida Nascimento, Wilson Manoel, Sil, Dalva Mineira, Arnoldo Pimentel, Cláudia “A Paulistinha”, Amanda Nevark; Gabriela Boechat e participação mais que especial dos alunos da turma 403 da Escola Municipal Santos Dumont em Mesquita/RJ em uma das 27 Poesias. E Temos a arte da capa e ilustrações internas assinadas pela Gabriela Boechat.
A Gambiarra Profana resgata nesta edição uma de suas principais características que é a produção textual coletiva e ainda aproveita para manter uma máxima primordial em suas publicações: A DIVERSIDADE; seja ela de estilo, conteúdo, forma.

Para ver, ler e seguir:


sábado, 12 de março de 2011

Beijo

Cansei do beijo partido
do beijo silenciado
do beijo inacabado

Não quero o beijo
melado, nem babado
nem o de mau hálito

Quero o beijo
de línguas entrelaçadas
com gosto forte
de carne e saliva.

Jorge Medeiros

terça-feira, 8 de março de 2011

POEMAS DA JANELA




VAGO OLHAR DE MINHA MÃE

Beiral da janela
Pintura vazia na tela
Triste sem ela

JANELA

Janela pro mar
Interior de solidão
Aperto no coração

VENTO VAZIO

Olhar no vazio
Vento que te aquece
E você esquece

PRO SEU OLHAR

Crianças brincam
De frente pro seu olhar
Mas ali não está

CIGARRO

Olhar na janela
Cigarro encostado
Dia frustrado

SALA DECORADA

A fumaça que soltou
Esconde o olhar triste
Na sala decorada