FOLHA CULTURAL PATAXÓ

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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ANJOS TAMBÉM MORREM ( Arnoldo Pimentel )



É só um breve caminhar pelas ruas que não existem mais
Algumas pessoas também caminham
A quadra de esporte tem grades cortadas
Vidas pelas ruas com asas amputadas
E o avião apenas passa
Com olhos de águia buscando suas presas
Deixando um rastro de fumaça
Deixando lágrimas nas praças
E o avião apenas passa
Enquanto o anjo ainda insiste
Em falar de esperança
Sem ver que
A rua é o esboço de um quadro
Desenho ainda sendo riscado
Que mostrará a face da solidão
Depois da desilusão
Mostrará nos campos do trigo prometido
A desolação
Visão sem importância para quem está lá no alto
Ou dentro do avião

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Incandescente.

Corpos nus , sua chama ereta; nós fundimos e nossas retinas se aliaram.
Nossos gemidos deram um tom desconcertante, a madrugada fria e aparentemente silenciosa.
Banhados e emaranhados em suor, nos tornamos unos e nos flagramos sorridentes...
Diante do gozo – passado e futuro viraram borrões e o presente resplandeceu.

sábado, 13 de agosto de 2011

Pontos.






Reescrever...renascer...amar profundamente à si mesmo e daí lançar e dançar no universo. Estar em alguns momentos solitári@ nem, sempre é fraqueza ou ódio contra algo ou alguém.
Partilhar sem pudor ou mesquinharia escondida entre os dentes. Festejar para tentar, não findar a resiliência.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Soterrado



A fúria do mundo explode diante de mim. É duro ver a terra deixar de ser a mãe conformada, resignada; e passar a ser a fêmea irada, revoltada em sua razão. Puta contestadora, indgnada a se rebelar, a esbravejar contra a exploração abusiva de seu corpo. E nós não passamos de vírus, de bactérias amargando sua auto-defesa.

É bom se sentir sozinho na Baixada Fluminense, pois assim quando ela estiver submergida sob as águas das enchentes - Atlântica contemporaneizada entre o teatro do absurdo e o humor negro - o controle de mim mesmo que implica na cruel sensação de não ter feito o suficiente, de não ter amado o suficiente vai doer menos. Assim como vai doer menos a descoberta de que não se é parte do mundo e sim o próprio mundo.

Os livros soterram palavras, pensamentos e sentimentos, mas a natureza soterra pessoas e livros. As casas viram capas de livros semi-abertos sobre o chão, desabados sobre histórias inacabadas; tramas não concluídas; personagens que não se definiram.

Quantas vezes fiz amor com meu travesseiro para calar o faminto felino predador que tentava sair de dentro do meu coração-jaula e devorar sua petitosa presa sobre as poças d'água, sobre os pântanos, sob a chuva. Quantas vezes violentei meu travesseiro para no fim acreditar que era um passarinho a se equilibrar sobre o mais leve graveto, na mais alta abóbada de uma gigantesca árvore qualquer na esperança de poder presenciar melhor a promiscuidade dos relâmpagos e das trovoadas. Tudo isso antes das catástrofes fugirem das telonas de cinema norte-americano e me ameaçarem. Mas agora lembro que não é a todos que meus pensamentos e sentimentos interessam.

Os morros-bibliotecas-encostas desabam sobre casas-livros-enciclopédias onde vivem pessoas-sentimentos-pensamentos-idéias.

Marcio Rufino
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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

INTERIORES (Arnoldo Pimentel)


Silencioso pelo vale
Onde palavras nada valem
Apenas tomam o rumo
Que já foi escolhido